segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Aécio, Cunha, Moro: um a um, caem os “heróis” anti-PT. Quem será o próximo?

Infeliz a nação que precisa de heróis. A frase imortalizada pelo dramaturgo alemão Bertold Brecht em 1938 não poderia descrever melhor o astral do Brasil pós-golpe. A direita brasileira precisou fabricar corajosos paladinos da moralidade para expurgar do poder o partido que insistia em vencer nas urnas. No entanto, no mundo real, o tempo é suficiente para transformar em vilões os heróis de outrora.
Aécio Neves, o “salvador da pátria” da revista Veja, sucumbiu penosamente às duras denúncias de corrupção após ser flagrado pedindo grana ao empresário Joesley Batista. O “malvado favorito” do golpe contra Dilma, Eduardo Cunha, até onde se sabe, está preso. E até o “Super Moro” parece ter encontrado no depoimento de Tacla Durán sua criptonita. Não se fazem mais heróis como antigamente.

A mídia e o mercado pediram e a classe média atendeu. Logo após as eleições, era necessário bater panelas contra uma presidenta eleita democraticamente. Dilma Rousseff foi impedida de governar e os trâmites do golpe iniciaram, enquanto o povo sentia o gosto de sangue na boca. Mas, se o antagonista desse drama já estava sendo –injustamente– escorraçado, era necessário eleger um protagonista. Um nome forte, com ares incorruptíveis e em quem a população confiasse cegamente e sem jamais questionar.

Após algumas tentativas frustradas, o nome de Sérgio Moro caiu como uma luva. Foi então que o juiz curitibano passou a ser representado nas manifestações em bonecos infláveis vestido de super-herói. Mesmo após o impeachment e a queda de seus “rivais”, Moro continuou sendo representado com capa e superpoderes em manifestações convocadas pelo MBL e outros grupelhos fascisto-paneleiros. Já Lula era representado no boneco pixuleco, pintado como um presidiário. A luta do bem contra o mal estava armada.
A via crucis foi montada e o “herói” condenou Lula, sem provas, baseado apenas em delações. Mas, como Aquiles e seu calcanhar, Moro tinha um ponto fraco, as próprias delações premiadas. Apesar de a mídia comercial esconder a todo custo o depoimento de Tacla Durán na CPI da JBS esta semana, a afirmação do ex-advogado da Odebrecht de que as delações foram manipuladas inegavelmente enfraqueceu a narrativa da Lava-Jato. Durán, que trabalhou na empreiteira entre 2011 e 2016, acusa o advogado Carlos Zucolloto (padrinho de casamento de Moro) de pedir 5 milhões de dólares para “facilitar” sua delação.
O depoimento comprova o que todo mundo desconfiava: o instituto da delação premiada, como tudo no Brasil atualmente, virou uma indústria com os fins de aniquilar o PT. Durán detalhou como o esquema funcionava: “Recebi uma minuta do Ministério Público (sobre o acordo de delação) que constava que o valor seria reduzido para um terço, mas que eu pagasse os 5 milhões de dólares para uma conta de Andorra”.

A acusação é grave, ainda mais quando se sabe que, em vez de provas concretas, a operação Lava-Jato se baseou principalmente no instituto da delação premiada. Muitas vezes questionado, o método destituiu deputados, senadores e enviou alguns políticos para a cadeia (caso não fossem do PSDB, claro). Uma denúncia como essas deveria fazer a própria operação desmoronar e seus argumentos caírem por terra.  Moro, como juiz titular e líder supremo da República de Curitiba, perde o posto de sentinela da probidade. Se estivéssemos em um país sério, sua atuação deveria ser investigada.
Só nos resta questionar quem serão os novos heróis anti-PT e anti-Lula que vão aparecer no cenário até 2018. Mas uma coisa é certa: um dia a máscara cai.

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